quinta-feira, 30 de julho de 2015

O camarada narciso: o DDT

Pedro Baptista publicou as suas memórias. O Grande Líder, que não reivindica o epíteto de Grande Educador da Classe Operária, como um outro conhecido Grande Líder, veio confirmar, com quarenta anos de atraso, o que todos sabíamos na altura: que era o Dono Daquilo Tudo, do grande partido marxista-leninista-maoista OCMLP. Mostra também que não recuperou do trauma de ter sido expropriado do partido que criara por sociedade com esse outro grande génio artístico da política e do palco cénico Hélder Costa. Pelo tom depreciativo das duas referências que me faz (e logo a mim, um insignificante desconhecido para quase toda a gente, que assim optou por permanecer, apesar deste modesto blog, mas, é claro, sobre quem ele sabe mais do que pretende fazer crer) vê-se que constituo um seu ódiozinho de estimação. Pudera! Fui um dos que participaram na expropriação! Por esta e por outras, afinal, percebe-se que não passa de um camarada Pedro, O Pequeno, apesar do corpanzil. Grande é apenas o camarada narciso que nele vive.

O homem das ideias geniais, quanto mais simplérrimas mais geniais (e que melhor nome para uma frente dos comunistas consigo próprios que não o de FEC m-l?), mostra que a sua cabecinha oca, ao cabo de tantos anos, continua tão vazia de ideias políticas sólidas quanto cheia da prosápia e do paleio dos contadores de estórias. E que estórias as que conta o escritor maoista enquanto jovem, perdão, o escritor antifascista, como prefere ser apresentado! No fundo da sua alma, o camarada narciso guarda um íntimo consolo: a história acabaria por confirmar a sua clarividente percepção de que o grande perigo em Portugal para a luta dos trabalhadores assalariados pelos seus interesses durante a crise política de 1974-75 e mesmo depois era o social-fascismo e, no mundo, o social-imperialismo! Que melhor prémio para uma vida se ainda por cima veio a render dividendos políticos ao militante marxista-leninista-maoista, fazia de conta que comunista, que ele foi?

Se por mais não fora, pela obra que nos lega o camarada narciso é merecedor da nossa estima e admiração. Longa vida ao camarada narciso! Que grandes inspirações para novas ideias geniais, se possível mais geniais, lhe cheguem no seu retiro chinês, para que ainda possamos vê-lo como Grande Líder do Partido em Movimento do Noroeste e a lutar pela independência desse rincão berço da nação, o verdadeiro, o genuíno Portugal!